quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Retorno

Andei por dias loucos, preocupada com diversas coisas e envolta em tantas vidas que me sinto levemente afastada de mim.
É estranho e incrível ao mesmo tempo ' sentir saudades de si própria'? Acredito que sim. é o que sinto.
Ágora retorna! e com ela um mergulho nas águas refrescantes do eu....uma caminhada na boa companhia da própria sombra......e ao chegar a noite ......adormecer voltada para dentro...

(cadê minha xávena?, cadê meu café? eu quero tudo de 'novo' e tudo outra vez!)

Remelexo

Estive ausente porque a proximidade do meu aniversário me pôs a nocaute, andei meio perdida olhando passaros azuis, casas vermelhas, terra sangrando, chocolate escorrendo.
andei feliz, bem o digo.
E cada dia mais penso e remexo pensando na fala do Zeca
'tudo o que se vê, pra que crer, tudo que se crêe pra que ter,tudo que se tem...pra quem????'
essa mudança temporaria de ares, antes europeus, ora americanos estao mexendo forte com meus poros, ondas firmes de coisa nenhuma perpassam as ondas menos firmes dos meus cabelose...deixa pra lá....
é muita bobeira para uma manha apenas.

(cá to sem café, é que as cafeterias vendem cafés de tantos tipos, tamanhos, cores e sabores que me deixaram tonta: comprei um chá de qualquer coisa verde. acho que isso tambem afeta minha escrita)

Quotidiano

É tão estranho.
Mais uma entre inúmeras vezes vejo-me sentada frente a uma folha branca. Cena já comum nos meus dias de mulher em busca do conhecimento.
Esta madrugada acordei sobressaltada por uma angustia sem explicação. Quase pulei da cama para abrir o computador e buscar informações sobre as revoltas em Paris. Não por fugaz curiosidade, mas por sentir no peito uma dor silenciosa que não encontra válvula de escape.
Uma dor que por vezes me faz pensar que vai me por o coração abaixo, ou me forçar a prostrar os joelhos, arcar os ombros e carregar com ela ate o fim.Uma dor que também não é minha, parece ser de outros, outros todos que não conheço e que não sei que são.
Talvez parte deles sejam os jovens galopantes noturnos das frias ruas francesas, incendiários de honras, libertários, jovens quixotescos combando o dragão da rica ignorancia globalizada.
Talvez a sensação de impotência seja tamanha que precise do fogo para expurgar a dor.
Talvez?Cá nesse quarto amadeirado inerte, plantado no centro da nova Inglaterra, com suas gordas lareiras comendo saborosas madeiras, sinto-me frágil ‘esta manha estou tão fragil’Sonho de olhos abertos com a colina verde azul, refugio de monges e mulheres desesperadas.
E essas linhas banais, só mais algumas linhas banais e nada mais.
E eu que preciso escrever uma tese, fico a esparramar letras vãs em linhas frias, e sobe-me pela garganta um riso cínico e desconfiado:
és uma estúpida!
E o que importa? O que realmente importa?Não sei dizer.
Mas cada vez mais lembro, e me desespero com a ideia de não voltar a ver, as manhas acordadas com os galos cantando, com o barulho tropeço das vacas na estrebaria, o cheiro molhado doce do pasto, o gosto espesso do leite quente útero, e o silencio respeitoso dos pássaros no instante em que o sol se atrasa.
Aquela neblina embranhou-se nas minhas entranhas, flui pelos buracos do meu corpo, despeja-se como cascata pelos meus olhos e não sai da minha cabeça aquela imagem das galinhas ciscando a toa ao redor da casa.
Eu sinto como se estivesse no filme errado.
Ando pelas ruas e as pessoas se metem a me falar numa língua estranha, e eu que não sei falar, vou falando e é como se sempre tivesse feito parte de tudo isso.E ja não sei de que parte eu sou: daqui ou de lá. E o que significa o ‘lá’. Onde é este lugar?E nesse momento me lembro do gosto amargo do chimarrão da infância trilhada em vergões vermelhos nas pernas finas.E lembro das cruzes tortas nos tecidos xadrezes, pintadas com gotas de sangue desaranjado,do espatifar da bicicleta contra as ripas da cerca pálida caída, e o riso choro da minha mãe por não saber onde estavam os freiosdo porta malas vermelho ferrugem socado de pernas e braços rasgados em gritos indo prum banho de rio vermelhopoeirento,das roubadas latas de leite moça na pobreza de moças sem leite, e comíamos os doces que nossos suados pais operários imaginavam dar-nos em algum natal distante.
É lindo o que se faz escondido

Domingo

A neblina desta manha de domingo é bela, mas não tem a espessura das majestosas neblinas de minha infância.
Parece uma neblina pré fabricada e talvez até o seja, talvez haja uma grande maquina de fazer neblina no tempo certo e quantidade adequada aos padrões américo globais.
Mas, e as pessoas simpáticas e falantes que vejo pelas ruas? Serão também elas pré fabricadas para compor a paisagem?
Tudo aqui é muito certo, muito limpo, muito direito. Não há cercas, não ha carros velhos, não ha ferrugem, não ha lixo. Sim. Lixo há. Mas ele some rapidamente quando o colocamos na rua. Misteriosamente, some.
Certa vez vi num filme que o lixo uqe produzimos diz muito sobre quem e como somos. Será que aqui recolhem o lixo para sacar nossos segredos mais íntimos?
A ideia arrepia-me.
E já só da vontade de concentrar o pensamento numa frase apenas: ma ma ma ma ma ma ma Maria. (música dos anos 80)
Mas, e se interpretarem isso como um código? E se vierem atrás dos assustados Tico e Teco, meus únicos neurónios resistentes após os choques culturais dos últimos meses.
E quem havia de imaginar um dia que haveria choques mais danosos que os eletricos?
Tempos modernos.
Na curva de uma estrada rumo a New Portland vi uma cerca como as antigas, de arame farpado e tudo, dentro da cerca, e fora do alcance, havia uns barracões muito parecidos com os dos filmes alemães, enormes, achatados, de tijolos escuros e aparentes, altos, com pequenas vidraças apenas no alto.
Diria que eram assustadores, mas seria uma infantilidade não permitida a balzaqueanas aventureiras, assim, fechei os olhos apertados e fiquei imovel até o onibus alcançar a próxima curva.
acho que estas linhas nao servem para introduçao de uma tese.....melhor começar de novo...

(06.11.05)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Viva

submergi nos encantos primaveris, me ocultei do inverno infernal, ressurjo placida, nem rosa nem jambo, apenas placida, de gestos, de sons, de aprendizagens.
eis-me aqui, encontro emsimesmado, uterinamente egoista, profano ao mundo sagrado ao segredo
no alto das solas de meus pés posso gritar com meus olhos: estou viva! dane-se o resto
(o prazer é só meu obrigada)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

(in) culto de domingo

Para muitos domingo é apenas o primeiro dia da semana. Para outros a noite de domingo pode representar o fim de uma jornada de 24 horas de (des) espera (da). Me incluo no segundo grupo.
E assim, em mais esta noite de domingo lá estava eu, sentada no penúltimo dos bancos da comprida carreira destinada a ala feminina.
Dali se podia visualizar o púlpito com uma confortável distancia. como se a neblina da rua entrasse pelas janelas e aremetesse sobre o pregador e sobre as poucas plantas.
As saias todas encabuladas e descoradas formavam o tapete considerável para lavar o chão e espantar as culpas.

mas havia luz. sim. havia luz. uma pequena réstia de luz escondida sob os olhos dolorosos daquele homem.